APRENDER A DIZER SUA PALAVRA
Olá, pessoas!
O meu primeiro texto de 2018 para o Ad-Substantiam é
um fichamento com toques de resumo. É algo mais acadêmico e quase científico.
Contudo, a maioria de minhas publicações aqui
continuará sendo mais literária. Entretanto, afianço que toda ficção minha tem
muito de realidade, de acadêmico e de científico.
FIORI, Ernani María.
Aprender a Decir Su Palabra, el método de alfabetización del profesor Paulo
Freire. FREIRE, Paulo. Pedagogía del
Oprimido. 3ª impresión. Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores Argentina,
2009. P. 11-26.
Alfabetizar alguém não é mantê-lo um ou três anos em
sala de aula para decorar ou repetir palavras e frases. Alfabetizar é ensinar a
pessoa a escrever a própria vida; quer dizer, falar do que lhe é peculiar e
significativo. “El sentido más exacto de la
alfabetización: aprender a escribir la propia vida.” (Fiori). Isso quer dizer que o verdadeiro
alfabetizado cria e recria os próprios conhecimentos; sempre se personalizando ao
mesmo em tempo que coopera com seus pares e reforma a cultura de sua sociedade.
Sabe-se o que é uma pessoa pelo que há em seu íntimo.
E suas ideias são o conteúdo de seu interior assim como suas palavras são as
expressões de seus juízos. Dessa maneira percebe-se que a forma de expressar é
o retrato de sua essência. Portanto, burilar a maneira de escrever e lavrar a
maneira de falar (oral) são apurar a mente; tanto quanto a mente trabalhada
produz palavras escritas e/ou faladas melhores. Em suma, é todo um círculo
virtuoso.
Outro círculo virtuoso é o professor alfabetizar um
cidadão, o cidadão alfabetizar-se e deixar-se alfabetizar pelo professor. E a
mola propulsora deste postulado é que a alfabetização seja do próprio cidadão e
não para o este.
O acima dito ‘o cidadão alfabetizar-se’ significa ele
pensar sua própria vida e sua própria história – vida e história aqui são em
grande parte sinônimas, mas não de todo – expressá-las e expor-se.
Quando se pensa em uma alfabetização para o povo idealiza-se,
em verdade, doutrinação. Por isso, a alfabetização que visa libertar e formar
cidadão – não meros operários – exige a compreensão de ‘os caminhos da
libertação são os mesmos do oprimido que se liberta’ (Fiori, tradução livre) e
a prática dessa verdade. Quer dizer, a educação tem que ser do povo e não para
este. Dizendo mais, o indivíduo (povo) se torna cidadão quando sua educação não
se limita a profissionalizar e lhe possibilita descobrir-se, conhecer-se,
assenhorar-se de si mesmo e criar/recriar sua história.
Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve ao Ad
Substantiam semanalmente às quintas-feiras; e todo domingo no seu blog
literário: aRTISTA aRTEIRO. É professor
de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em Letras-Português. É
pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na
Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e
Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso
Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura
Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da
Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de
Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga
MG (representando a Literatura).
Foto de Vinícius Siman.
Escrito entre os dias 27 de dezembro de 2017 e 04 de
janeiro de 2018.
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